Tuesday, January 09, 2018

Em 86

- Eaí, Cláudio! Lembro que moras na Cohaduque, to pensando em alugar um ap. aí! Bom, seguro, tranquilo?
- Fala! Moro, sim! Olha, em 86, quando morava com meus pais, era seguro e tranquilo. Continua!
- Continua o que?
-Seguro, tranquilo, muito bom de morar!
- Mas por que falaste que em 86 era?
-Porque era!
- E hoje?
-Também! Continua!
- Mas é menos do que 86?
- Não, igual!
- Mas, então por que falaste em 86?
- Porque em 86 era seguro e tranquilo e continua, igualzinho!
- Mas qual a necessidade de lembrar 86? Quero saber agora!
- Ta, esquece 86! Hoje é seguro e tranquilo morar aqui!
- E tem tudo por perto, mercados, farmácias?
- Tinha...

Thursday, April 20, 2017

Depois de muito tempo, esta semana, voltei a sentar em uma cadeira na Biblioteca publica pelotense.
Lembro que era começo dos anos 90 e sem estrutura nenhuma, familiar, (tinha acabado de perder meus pais), profissional e, consequentemente financeira eu tentava tocar em frente minhas idéias, "projetos"...
    Usei aspas, pois pra um cara vindo de uma família muito humilde, que teve pouco acesso a uma estrutura, no mínimo confortável, qualquer projeto me parecia uma montanha a ser transposta. Enfim, naquela época este local funcionava como a tomada para recarregar minhas baterias. Lembro que nenhum dos meus projetos da época funcionaram, mas aqui entra o que gostaria de ressaltar;
    Em um momento tão difícil em minha vida, aquelas paradas para anotações, cálculos me davam algo muito valioso e que hoje, mesmo de longe e com mais maturidade para entender o porquês dos sucessos e insucessos entendo sua importância.
Sempre gostei de sintetizar ideias e a forma mais direta e simples é em pensamentos. Usarei, então dois dos mais valiosos e simples e que muito me ajudaram e me fizeram ajudar em toda a vida:

   "Nunca prive uma pessoa de esperança, pode ser que ela só tenha isto."
   E este, genial em sua simplicidade:
   "A esperança pode ser um mau guia, mas é ótima companheira de viagem."

Friday, December 04, 2015

Velório do Geni

Como na estória do rapaz que, ao perguntado o que gostaria de ouvir em seu velório, responde:
- Ele esta se mexendo!
                Começo as lembranças com a despedida de nosso irmão, Geni.
Por se tratar de uma noite em que as historias contadas à beira do caixão eram dignas de contos de fadas, apesar da pobreza, da dureza da nossa vida, nossa conclusão foi de que, morrendo aos quarenta e poucos ele viveu, com certeza, mais do que todos nós. E de todos os familiares perdidos, foram quatro em um período de três anos, (quando falo perdidos quero dizer morreram, mesmo), o Geni é aquele que, obvio deixando de lado os laços afetivos e a saudade, sinto, como disse certo pensador, não medo, mas pena pela necessidade de morrer-se.
Ele sempre fora o mais afetuoso com todos, apaziguador e sempre com astral elevado, pra ressaltar, apesar da duríssima vida que levava. Infelizmente é um tema muito sério, o perdemos para o alcoolismo e consequências de uma vida totalmente desregrada. O uso como exemplo ou contra pra entender que a diferença entre veneno e remédio está na dose. Diversão, desapego de menos mata ao mesmo tempo em que o contrario também.
                Então, como segunda opção, (a primeira seria a do rapaz da estória), gostaria que lembrassem no meu, metade da vivencia desta figuraça.
                Também serve pra traçar um paralelo e alertar, pra não parecer arrogante, alertar a mim mesmo, da simplicidade da vida e de que a morte chega pra todos nós. E que algo como um velório, que parece ter toda uma carga negativa na própria palavra, pode ser um tributo à uma vida “bem” vivida, em um momento de reflexão.
                Agora imaginem, eu havia vivido até os 16 anos como o filhinho caçula, mesmo sem muita regalia por causa das condições mínimas da família, com alguns mimos.

                Aos 16 minha mãe se suicida, (temos 99% de certeza que foi suicídio), no mesmo ano meu outro irmão morre por tuberculose, dois anos depois meu pai se mata. Então, nesta noite fria de Pelotas meu irmão Geni era vencido pelos estragos de uma vida doida. Com a morte de meu pai minha irmã mais velha me levou pra morar com ela, meu cunhado e minha sobrinha, que adorou a ideia. Morei até decidir que iria viver de musica, então esta “profissão de vagabundo” expirou a validade do meu passaporte. Mas o que quero dizer isto é que na noite do velório do Geni eu estava morando sozinho há, pouco menos de um mês e como tentava aprender a ganhar algum dinheiro com a musica e, digamos eu não estava conseguindo muito bem, havia dias que me alimentava pouco. Sabem que em velório levam café, bolos, sanduiches, chimarrão, sem falar que, pelo menos tive companhia depois de tanta coisa  ruim, mas uma barriga cheia conforta muito.

Sunday, August 31, 2014

"SAUDADE", a primeira


De tanto que gosto de ouvir os compositores falando das suas canções resolvi fazer o mesmo...
Ainda mais depois de ver moça explicando a um amigo o pouco que ela sabia sobre minha canção SAUDADE, em uma rede social...
Aqui vai toda a historia da canção:
Sempre fui, acima de tudo, um melodista. Mais tarde fiquei sabendo, felizmente, que tanto os Beatles, quanto os Bee Gees e, aqui no Brasil, o Roupa Nova sempre trabalhavam primeiro a musica encaixando depois a letra...
O ano era 2000, um amigo me liga avisando de um concurso que escolheria uma canção para homenagear os 188 anos de Pelotas...
Como ja tinha a melodia só tive tempo de sentar na biblioteca publica, lugar que frequentei muito escrevendo e planejando meus sonhos, e criar uma letra...
Longe do que pedia o regulamento, falar de economia, aspectos culturais só consegui escrever uma declaração de amor...
A letra foi feita em menos de meia hora, mais tarde mudei alguma coisa, mas a essência continua a mesma...
O engraçado é ver pessoas de fora da região dizendo não entenderem a parte:
"Vem pro Sete que hoje eu vou cantar..." uma referência ao teatro 7 de abril, o mais, digamos, cultura local.
Não me considero um, sequer, bom letrista, mas confesso que me dei conta de uma parte da canção em que tive a sorte de ter brilhado em minha a frente a frase, que fica linda e faz muito sentido:
"...lugar onde um dia eu pude SER FELIZ SÓ POR SER."

Saturday, May 11, 2013

Perto, longe

Minha filha grita da sala:
- Olha gente, ta começando a chover!
Corro para recolher a roupa do varal e noto que não chove;
- Não ta chovendo, filha!
Ela:
- Ué, mas postaram aqui!

Monday, June 08, 2009

Pois é...


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Pois é...
Sempre me irritou muito aquela resposta usada por uma pessoa indecisa, ou sem iniciativa mesmo, quando ela é convidada para alguma coisa:
-Vamos ao cinema, Marildes?
-Hoje? Pois é...
Ou então:
-Você acha que minha camisa nova combina com essa calça?
- Pois é...
Mas esses dias pensei em uma situação em que essa resposta é valida.
Sabem quando alguém que trabalha na área da propaganda cria uma campanha, tem todo aquele medo de ela não ser aceita pelo cliente ou, em outro caso, tem a certeza de que criou algo simples, porém genial?
É o caso de: “Não é nenhuma Brastemp”.
Esse cara não teve dúvida nenhuma!
Mas as situações que presenciei me levaram a pensar na expressão tão usada pela Marildes acima. São nomes de duas empresas que trabalham com adestramento e cuidados com animais. Uma delas aqui em Porto Alegre e outra em Pelotas.
Gente! “Educacão” e “Au-que-mia”;
Consigo, claramente, visualizar os donos dessas duas empresas e suas expressões quando lhes foram apresentados os nomes, exclamando:
-Pois é...
Meu maior medo depois de escrever esse texto é perguntar à pessoa pra quem mostrei:
-E então, o que achaste?



Sunday, August 20, 2006

Agora uma boa!

Com esse trabalho de musico já presenciei muita coisa irritante e muitas situações extremamente engraçadas como quando a pessoa vem pedir uma musica que acabamos de tocar:
- Olha! Acabamos de tocar essa musica!
- Ah! Não me enrola Toni! Toca aí!
E confusões?
Em uma noite uma moça aproximou-se me falando:
- Sandro! Toca aquela...
- Olha, moça, disse eu, meu nome não é Sandro, é Toni!
- Ah, ta! Vais tocar ou não?
- Eu não sei essa canção e meu nome não é Sandro!
- Ta, ta!
Em uns 10 minutos ela voltou:
- Sandroooo! E a minha musica?
Eu afastei o microfone, chamei-a e disse baixinho:
- Olha desculpa te decepcionar moça, mas eu não sei tocar essa e meu nome não é Sandro!
- Ah, ta! Disse ela e ao sentar-se à mesa comentou com uma amiga:
- O Sandrinho ta se fazendo de louco!

E quando a pessoa pede uma musica e, não sendo atendida, levanta os braços, indignada:
- Pô! Não sabe?
Se ela pedir mais uma que você não saiba:
- Ah, não! Nem essa?
E daí vem a cacetada final:
- Então toca uma boa aí!

Outra coisa muito cômica é quando a guria diz:
- Toni! Toca a minha musica!
- Qual? Pergunto.
- A minha! E olhando em volta à procura de uma amiga, pergunta, quando a encontra:
- Qual é aquela musica que eu gosto, Maristela?
- Que!? Diz Maristela surpresa.
- Aquela que eu gosto! Pô! Pensa Maristela, pensa!

Mas a mais engraçada de todas que eu consigo lembrar é a do bêbado que ia sempre em um barzinho e, não sei porque, só depois que, quase, não conseguia falar ele vinha pedir musica:
- Psiu! Toca “Suiss suissuing”!
Noite após noite ele vinha, às vezes só conseguia sussurrar:
- “Suiss sussuing”!
Um noite, ainda na passagem de som, ele chega até mim, por se tratar de começo de noite, se encontrava em condições de ser entendido:
- Pô! Quando é que vais tocar a minha?
Finalmente ia desvendar o mistério envolto naquela, até parecia, “mensagem subliminar”:
- "Sultains of swing" do Dire Straits.

Muita gente, nem muito sóbria, arriscaria.